Logotipo Quality matters Ilustrações do cabeçalho

Como?

As crianças exibem competências diferentes em diferentes contextos e perante diferentes situações, sendo por isso útil recolher informação junto dos adultos que mais tempo passam com elas, assim como recolher informação de forma direta através da observação sistematizada. Para a recolha de informação, recorremos a vários métodos (avaliação e observação diretas, inquérito) e a várias medidas (questionários, jogos e atividades).

AVALIAÇÃO DIRETA

CONSTRUTO

PROVA E MATERIAIS

Atenção Seletiva

Foi pedido às crianças que encontrassem e carimbassem, numa folha A3 repleta de figuras variadas, apenas os coelhos e, numa segunda folha, apenas os gatos, o mais rapidamente que conseguissem (sendo esperado que conseguissem ignorar as figuras distratoras)1

Controlo inibitório

Num primeiro jogo, era dito às crianças que tínhamos uma surpresa para brincar com elas, pedindo-lhe que não espreitassem até terminarmos de embrulhar. Depois, era-lhes pedido que aguardassem um pouco enquanto anotávamos algumas coisas, com o presente na sua frente. Por fim, era permitido à criança desembrulhar o presente e brincar com o brinquedo livremente por algum tempo, no final do qual lhe pedíamos que o devolvesse.2

Num segundo jogo, era apresentado às crianças um pequeno livro, no qual figurava, em cada página, um de entre sete animais. Era pedido à criança que tocasse numa campainha sempre que visse um animal, exceto se esse animal fosse o porco. 3, 4

Memória de Trabalho

Eram escondidos em caixas opacas seis animais de madeira e era pedido à criança que encontrasse e retirasse os animais um a um (o que implicava que recordasse quais as caixas que já tinha aberto e que, portanto, foram ficando vazias).5

Linguagem

Foram avaliados, entre outros aspetos, o vocabulário recetivo e expressivo das crianças. Era pedido às crianças, por exemplo, que nos entregassem determinados objetos (vocabulário recetivo), que nomeassem esses e outros objetos (vocabulário expressivo) e que descrevessem uma imagem.6

OBSERVAÇÃO

CONSTRUTO

PROVA E MATERIAIS

Interação das crianças com os educadores, pares e tarefas

Através da observação dos vídeos realizados em sala de atividades, observaram-se as interações que cada criança estabelecia com os adultos, os pares e as tarefas.7

Interação educador-crianças

Através da observação dos vídeos realizados em sala de atividades, observaram-se as interações dos educadores com o grupo de crianças em dois domínios: Apoio Emocional e Comportamental e Apoio ao Desenvolvimento e Aprendizagem.8

Relato do educador

CONSTRUTO

QUESTIONÁRIO

Variáveis estruturais

Questões acerca da formação dos educadores, do seu tempo de serviço, das idades com que costuma trabalhar, e acerca do grupo de crianças atual. Foram ainda feitas questões relacionadas com a satisfação dos educadores com o seu trabalho, a sua perceção de autoeficácia, do clima organizacional, do desenvolvimento profissional. O questionário continha ainda questões acerca da forma como o educador abordava, em contexto de creche, domínios como a autorregulação das crianças, a matemática, a linguagem e literacia, a ciência e o jogo dramático, bem como a forma como organizava o espaço e os materiais.9

Competências sociais das crianças

O questionário utilizado é composto pelos domínios “Competências de cooperação” (e.g. Oferece ajuda a outras crianças), “Empatia” (e.g. É sensível aos sentimentos dos outros), “Impulsividade” (e.g. Tem explosões temperamentais ou birras) e “Comportamento disruptivo” (e.g. Age sem pensar). Era pedido ao educador que analisasse a frequência com que cada criança exibia os comportamentos descritos em 13 itens, utilizando para isso uma escala de 1 a 4 (em que 1 representava “nunca” e 4 representava “muito frequentemente”).10

Competências socioemocionais das crianças

Para avaliação das competências socioemocionais das crianças foram utilizadas 4 escalas do questionário SEAM – independência (e.g. A criança tenta novas tarefas antes de procurar ajuda); regulação da atenção e do nível de atividade (e.g. A criança transita de uma atividade para outra sem problemas); cooperação com as rotinas diárias e pedidos (e.g. A criança coopera com pedidos simples); competências adaptativas (e.g. A criança aceita mudanças nas rotinas e contextos). Era pedido ao educador que pensasse de que forma cada item refletia o comportamento exibido por cada criança em particular, utilizando para isso uma escala de 1 a 4 (em que 1 representava “não é verdade” e 4 representava “é muito verdade”).11

Comportamento das crianças em sala de atividades (autorregulação)

Apenas a subescala “Competências sociais relacionadas com a aprendizagem” foi administrada (17 itens). Desta subescala, apenas foram utilizados itens relacionados com a autorregulação comportamental das crianças (e.g. Dedica tempo para dar o seu melhor numa tarefa). Era pedido ao educador que analisasse a frequência com que cada criança exibia os comportamentos descritos em cada item, utilizando para isso uma escala de 1 a 5 (em que 1 representava “nunca” e 5 representava “sempre”).12

Promoção da autonomia das crianças na sala de atividades

Apenas a subescala “Apoio à autonomia” foi administrada (12 itens). Esta subescala é compreendida pelos domínios “comportamento coercivo/autoritário” (e.g. Tenho que indicar passo a passo o que é para fazer com esta criança), “respeito” (e.g. Deixo esta criança tomar muitas decisões relativamente ao seu trabalho na sala), “escolha” (e.g. Na realização dos trabalhos, tento dar a esta criança muitas possibilidades de escolha) e “relevância” (Explico a esta criança porque é que aprendemos determinadas coisas na escola). Era pedido ao educador que indicasse de que forma cada item se aplicava à autonomia de cada criança, utilizando para isso uma escala de 1 a 4 (em que 1 representava “nada verdade” e 4 representava “muito verdade”).13

Relação educador-criança

A relação do educador com cada criança foi avaliada com um questionário composto por 22 itens agrupados em 3 domínios: proximidade (e.g. Eu partilho uma relação próxima e afetiva com esta criança), conflito (e.g. Esta criança facilmente se zanga comigo) e dependência (e.g. Esta criança reage intensamente quando se separa de mim). Era pedido ao educador que indicasse em que medida cada um dos itens se aplicava à sua relação com cada uma das crianças, utilizando para isso uma escala de 1 a 5 (em que 1 representava “nunca se aplica” e 5 representava “aplica-se sempre”).14

1 Korkman, M., Kirk, U., & Kemp, S. (1998). NEPSY: A Developmental Neuropsychological Assessment. San Antonio, TX: Psychological Corporation.

2 Smith-Donald, R., Raver, C. C., Hayes, T., & Richardson, B. (2007). Preliminary construct and concurrent validity of the Preschool Self-Regulation Assessment (PRSA) for field-based research. Early Childhood Research Quarterly, 22(2), 173–187. doi: 10.1016/j.ecresq.2007.01.002

3 Vitiello, V. E., & Greenfield, D. B. (2017). Executive functions and approaches to learning in predicting school readiness. Journal of Applied Developmental Psychology, 53, 1-9. doi: 10.1016/j.appdev.2017.08.004

4 Willoughby, M. T., Blair, C. B., Wirth, R. J., Greenberg, M., & The Family Life Investigative Group (2010). The measurement of executive function at age 3 years: Psychometric properties and criterion validity of a new battery of tasks. Psychological Assessment, 22(2), 306–317. doi: 10.1037/a0018708.

5 Mulder, H., Hoofs, H., Verhagen, J., van der Veen, I., & Leseman, P. P. M. (2014). Psychometric properties and convergent and predictive validity of an executive function test battery for two-year-olds. Frontiers in Psychology, 5, [733]. doi: 10.3389/fpsyg.2014.00733

6 Griffiths, R. F. (2007). Griffiths - Escala de Desenvolvimento Mental de Griffiths (dos 2 aos 8 anos). Lisboa: CEGOC.

7 Slot, P. L., Bleses, D. & Downer, J. (2016). The Individualized Classroom Assessment Scoring System (inCLASS) [Unpublished pilot version for toddlers].

8 La Paro, K. M., Hamre, B. C., & Pianta, R. C. (2009). The Classroom Assessment Scoring System, Toddler Version. Charlottesville, VA: Teachstone.

9 Slot, P., Cadima, J., Salminen, J., Pastori, G., & Lerkkanen, M. (2016). Desenvolvido para o Projeto CARE

10 Junttila, N., Voeten, M., Kaukiainen, A., & Vauras, M. (2006). Multisource Assessment of Children's Social Competence. Educational and Psychological Measurement, 66(5), 874-895. doi: 10.1177/0013164405285546 

11 Squires, J., Bricker, D., Waddell, M., Funk, K., Clifford, J., & Hoselton, R. (2014). Social-Emotional Assessment/Evaluation Measure (SEAM), Research Edition. Paul H. Brookes Publishing Co., Inc.

12 Bronson, M. B., Goodson, B. D., Layzer, J. I., & Love, J. M. (1990). Child Behavior Rating Scale. Cambridge, MA: Abt Associates

13 Wellborn J., Connell, J., Skinner, E., & Pierson, L. (1992). Teacher as Social Context (TASC) - Two Measures of Teacher Provision of Involvement, Structure, and Autonomy Support. Technical Report, University of Rochester, Rochester, NY. 

14 Pianta R. C. (2001). Student-Teacher Relationship Scale: Professional Manual. Odessa, FL: Psychological Assessment Resources, Inc.