Sobre
Vivemos atualmente numa Europa e num mundo onde se intensificam turbulências várias. Estamos, portanto, numa Europa e num mundo onde estão a acontecer conflitos por vezes com consequências bem dramáticas, e em que, face à onda de migrantes e de refugiados, surgem manifestações mais ou menos violentas, mais ou menos explícitas, de racismo e de xenofobia. Estamos numa Europa e num mundo sobre o qual pesam ameaças terroristas e onde fenómenos de radicalização surgem um pouco por toda a parte.
Tem-se bem consciência de que, neste mundo globalizado de que a Europa faz parte, tais problemas decorrem de complexas interações de fatores de natureza política, socioeconómica e cultural, fatores esses que não só enquadram como transcendem acontecimentos nacionais e locais. Porém, porque se trabalha em educação, também se admite que dificuldades de estabelecimento de diálogo entre grupos diferentes, atitudes discriminatórias de xenofobia ou de racismo, mesmo fenómenos de radicalização poderiam e deveriam começar a ser discutidos e analisados desde cedo em contextos educativos pois que, com Freire, acreditamos que “se a educação sozinha não transforma a sociedade, sem ela tampouco a sociedade muda” (Freire, 2000:67).
Defendemos assim a importância de que, ao longo do processo educativo, este campo de problemas seja encarado como algo de muito importante que deve ser trabalhado. Daí o considerar-se ser crucial o surgimento de projetos tais como: o projeto Xeno-Tolerance: Supporting VET Teachers and Trainers to Prevent Radicalisation, que reúne e cruza contributos de países europeus com diferentes experiências e promove a criação de espaços de debate e reflexão sobre estes problemas. Mas, para além de promover o debate e análise de questões com que nos confrontamos atualmente, este é também um projeto que se propõe oferecer algumas sugestões de trabalho àqueles professores que, no terreno, se debatem com os referidos problemas. Igualmente os projetos Naos: Professional Capacity Dealing with Diversity e LINK – Learning in a New Key: Engaging Young People in School Education, têm como principal objetivo promover a reflexão e partilha de práticas e estratégias de inclusão de jovens em situação de vulnerabilidade social.
Assim, é de salientar o quanto é “natural” que os referidos projetos se tenham desenvolvido no Centro de Investigação e Intervenção Educativas da FPCEUP (Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação da Universidade do Porto) onde, desde há largos anos, se promovem diversos trabalhos de pesquisa e intervenção, neste domínio.
É neste quadro que irá acontecer a 11 e 12 de janeiro de 2018, na FPCEUP, o seminário “A diversidade como oportunidade. Que saberes e recursos profissionais?”, seminário em que, não só se apresentará a análise de alguns dados e propostas de intervenção já obtidos ao longo das atividades desenvolvidas no âmbito destes projetos, como se irão acolher outros contributos de outros trabalhos, que serão organizados essencialmente pelos seguintes eixos:
— Desafios contemporâneos e sua tradução no contexto escolar: diversidades, exclusão social, migrações e problemas de radicalização;
— Abordagens e estratégias de intervenção em contextos educativos de jovens em situação de vulnerabilidade de diferentes origens;
— Estratégias e ferramentas para apoio a profissionais de educação que trabalham com diversidades.